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Vamos nos adaptar!

Era mais ou menos assim: acordávamos, eu me arrumava rapidinho, chamava um carro pelo aplicativo, embarcava e a Ella ia “ver televisão”: colocava as patinhas na tampa do porta malas e acompanhava o movimento pelo vidro traseiro. Chegávamos no Spaces, nosso escritório pet friendly, e ela saía para fazer sua ronda: ia de sala em sala cumprimentando as pessoas e dando sua corridinha pelo corredor do segundo andar. Nossa agenda era repleta de almoços, jantares, sorvetinhos aqui, drinks ali e viagens aos finais de semana. De repente, o tal coronavírus, que parecia distante, chegou. Em um piscar de olhos, montamos nosso escritório em casa e nossa rotina mudou completamente. Nos primeiros dias armazenei comida e medicamentos que eu e a Ella poderíamos precisar. O próximo passo foi organizar as descidas, já que a mocinha não faz as necessidades em casa. Resolvi utilizar a garagem externa e não sair do prédio. Voltar para casa é uma operação de guerra: deixar o sapato na entrada, lavar as patinhas com água e sabão no box do chuveiro (haja lombar!) e passar um pano com desinfetante no chão da casa. Atividade que se repete três vezes por dia. A Ella me olha sem entender muito bem, me puxa para fora do prédio sem sucesso e certamente deve estar sentindo falta dos nossos dias animados. Se, agora, estou bem? Sim. Se já estive mal? Sim. Me dei conta de que olhar para o lado era besteira: sentir inveja de quem está melhor e culpa pelas pessoas que estão piores, só ia me deixar paralisada. O que fez diferença mesmo foi lembrar da frase de Darwin: não é o mais forte que sobrevive e sim o que sabe se adaptar. É isso que eu e a Ella estamos fazendo: criando uma nova rotina. Nosso começo de manhã é tomando sol na varandinha, as saídas são rápidas e objetivas e o pit stop (inédito) no box é frequente. O que não mudou? Dormir e acordar com ela, os beijos e as brincadeiras. O que eles precisam mesmo é estar com a gente. Exatamente o que nós necessitamos: ter o amor incondicional que só um pet pode oferecer. Vamos superar juntas, aprender a sermos felizes do jeito que dá, ficar em casa para conter o vírus e ir fazendo planos de todos os lugares que vamos ir, assim que tudo isso passar!

Coluna publicada para o Estadão.

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