O que de fato acontece dentro dos cachorródromos públicos, também conhecidos como parcães? Estas áreas verdes e cercadas, evitando a fuga dos cães, são um belo caldeirão. Antes de levar seu cachorro a um deles, leia este texto e prepare-se.
Reportagem publicada no Estadão.
Analise e decida
Então, antes de soltar a guia e colocar seu amado cão em um território novo, analise e responda: como ele age em um passeio curto, em uma volta pela quadra? Ele gosta de interagir com outros cães? Qual é o perfil dele frente a um cachorro que não conhece: coloca o rabo entre as pernas, mostra os dentes, late, esconde-se atrás do tutor ou avança no outro cão? Se ele apresentar alguns destes pontos saiba que não está preparado para frequentar um parcão/cachorródromo.
A educadora canina Manu Moraes não aconselha seus alunos a frequentarem estes espaços justamente para evitar situações que possam gerar comportamentos negativos, tais como sensibilização que levará a reatividade. Apenas quando eles estiverem treinados e alcançarem um nível de socialização essa convivência pode ser positiva.
Você já parou para pensar se o seu cão tem ressalvas sobre a forma como é abordado por outros cães? Ele gosta de brincar e ter contato? “É fundamental gostar e ser tolerante porque vai lidar com tipos variados de abordagens de outros cachorros. Afinal, ao ir em um parcão, o intuito é a interação”, ressalta Manu. Outro conselho que a educadora dá é: “Aprenda a ler o seu próprio cão sem humanizá-lo, ausente de interpretações pessoais, mas com base na educação canina”.
E agora?
Falar sobre o assunto, procurar ajuda profissional de um educador canino, aprender sobre os sinais que os cães emitem, escolher a dedo onde ir com o nosso pet e o principal: incentivar que outros tutores despertem e vejam o mundo como ele realmente é e não como gostaríamos que fosse já é um belo começo.
É fundamental preparar os cães para viverem em sociedade, isso é agir com responsabilidade. Temos que levantar a bandeira da posse responsável, que não aborda apenas o abandono, mas o cuidar e zelar pelo bem-estar dos nossos cães, demais animais e pessoas.
Lembrando que tudo o que o seu cachorro fizer será sua inteira responsabilidade e você terá que arcar, inclusive, com despesas financeiras decorrentes de um ataque. Sim, viver uma situação de mordida é traumatizante para nós e, obviamente, também para os nossos cães. Portanto, vamos olhar de frente e evitar o pior.
Como aprender?
Neste ponto, pode estar se perguntando: como eu farei isso? A resposta é: estude, leia, assista vídeos no YouTube, siga a conta de comportamentalistas animais nas redes sociais, confira nossas reportagens sobre guia e focinheira e prepare-se para ser um bom tutor. Se possível, invista em um educador canino também conhecido por comportamentalista animal.
A Manu oferece uma mentoria que ensina passo a passo como educar seu cão, trabalhando pontos de dificuldade do relacionamento dele com outras pessoas, cães e até mesmo você. “Na mentoria os tutores são trabalhados para educar os seus cães a tornarem-se mais sociáveis, obedientes e saberem dividir espaços com outros animais e pessoas. Evita que ele seja sensibilizado ou fira outros cães”, explica.