10 coisas que você precisa saber sobre voar com pets no avião
Vamos contar tudo o que você precisa saber para voar com seus animais em aviões. Não importa se você é passageiro de primeira viagem, experiente, que tipo de animal tem, pois aqui está o mais completo e melhor raio X do mercado sobre como transportar animais em aviões.
- Pets tem que cabe na caixinha para poder voar na cabine, embaixo da poltrona do passageiro da frente
- Cães maiores têm a opção de voar no porão dentro da caixa de transporte em área reservada
- Cães de serviço e suporte animal viajam na cabine fora da caixa de transporte (no Brasil, apenas com ordem judicial)
- Cães e gatos precisam de atestado de saúde veterinário e estar com a vacina antirrábica em dia
- Uma agência especializada gerencia melhor os voos internacionais e com conexões
- Os pets precisam de treino antes de voar seja na cabine ou no porão. Os de suporte e serviço são altamente treinados
- Não economize na caixa de transporte: a vida do seu cachorro depende dela
- Não alimente seu gato ou cachorro 6 horas antes do voo para evitar que ele tenha vontade de evacuar
- Chegue antes no aeroporto para ter tempo de resolver eventualidades e levar seu pet para mais um xixi
- Imprima os documentos do seu pet e tenha uma versão digitalizada no celular por segurança
Formas de voar
- Na cabine: dentro da caixa de transporte e como cão de serviço ou suporte emocional.
- No porão: como excesso de peso ou carga viva.
A diferença entre o transporte por carga viva ou excesso de bagagem em um avião é unicamente burocrática, de papelada. A carga viva significa que não há ninguém responsável pelo animal a bordo – e na prática isso não muda nada, a não ser no preço porque é muito mais caro. O excesso de bagagem indica que o animal está atrelado a um passageiro. Os portes aceitos no porão, em ambos os casos, variam entre 30 e 75 quilos.
“A carga viva é o que chamamos de transporte desacompanhado, e por isso precisa ter uma documentação especifica de circulação de carga, além de um despachante aduaneiro e um agente de carga, além disso passar por um processo de importação e exportação. O pet como excesso de bagagem é despachado no momento do check in do passageiro que ficará com esse pet ligado a sua passagem, sendo essa pessoa a responsável pela entrega do pet para a cia aérea, assim como a retirada dele, com a apresentação da documentação necessária para a saída e entrada do pet do país ou local de destino”, pontua Ana Lechugo.
Quem pode voar na cabine?
Apenas cães e gatos, nenhuma outra espécie. Estes animais precisam estar dentro da caixinha de transporte o voo todo e ela é colocada embaixo do banco do passageiro da frente. Há pré requisitos de como deve ser a caixinha? Sim. O tamanho dela está relacionado com o espaço de cada aeronave (da altura do espaço de baixo da poltrona) e se diferencia entre elas. No Brasil temos a LATAM, GOL e Azul.
Tamanho da caixa de transporte dentro da aeronave
- Na LATAM a caixa deve ter: 40 cm de comprimento, 28 cm de largura e e 25 cm de altura
- Na Azul 20 cm de altura, 31,5 cm de comprimento e 43 cm de altura
- Na GOL 24 cm de altura, 32 de largura e 43 de comprimento
Dia do Voo
É permitido sedar o animal antes do voo? De acordo com a recomendação da IATA, os animais não podem viajar sedados nem anestesiados. Se o pet estiver com o comportamento alterado ou dopado (mole demais), pode ser impedido do embarque. “A medicação pode causar problemas circulatórios ou alterar a frequenta cardíaca com risco de morte”.
A partir de qual idade pode voar? A grande maioria das cias aéreas permite pets a partir de 4 meses. Para alguns destinos a regra pode ser diferente como é o caso dos EUA que exige 6 meses de vida.
Pode alimentar o pet no dia do embarque ou durante o voo? Recomenda-se não alimentar antes de seis horas do embarque justamente para evitar que o pet tenha vontade de evacuar durante o voo. E também para não enjoar
Quantos tempo antes devemos chegar no aeroporto? Em voos domésticos, 3 horas. Nos internacionais, 4. Ainda mais se for voo com suporte emocional
O que levar na bolsa do pet dentro do avião?
- Cobertor caso esfrie
- Nebulizador (e bateria portátil para plugar o USB) se o ar fique seco demais
- Lenço umedecido e tapete higiênico para suprir um acidente
- Guia mais longa para prender no peitoral da Ella à minha cintura (uso guia free hand)
- Petisco (no nosso caso brócolis) para a decolagem e aterrisagem quando há uma mudança de altitude e pode doer o ouvido do pet, portanto, estratégia é fazê-lo mastigar. Outra dica é massagear o ouvido.
- A plaquinha de identificação é um item obrigatório para todos os locais. Eu uso também Airtag da Apple
- Farmacinha com medicações básicas como antitérmico (dipirona), luftal para gases, buscopan para cólica, vonal para enjoo
- Parece complicado e é, mas não impossível, portanto, treine seu cachorro para essa grande aventura, contrate a assessoria de um profissional especializado e, em hipótese alguma, deixe seu pet fora do programa.
Caixa de Transporte
Qual é o melhor tipo de caixinha? O quanto mais ventilada melhor, com a lateral telada. No porão tem que seguir as regras da IATA que estão nos sites da cias aéreas e uma agência especializada pode lhe orientar. Em algum momento a caixinha pode ser removida? Teoricamente, não. O que pode ir dentro da caixinha? Tapete higiênico. Dentro do avião, você pode colocar um cobertor e brinquedo.
Antes (muito antes) do dia da viagem, comece a adaptação do seu à caixa de transporte, assim ele não sofrerá por estar em um local confinado e longe dos seus olhos, afinal, lembre que estará embaixo do banco da frente e nós sabemos como as aeronaves são apertadas.
Outro dica é viajar com o seu pet no horário que ele estiver mais tranquilo. “Como a Cherry é muito agitada, dou preferência para voar nos horários que ela costuma estar dormindo”, conta a engenheira Priscila Joma.

Quais raças não podem voar dentro do avião
Lechugo também explica sobre os cães braquecefálicos: “Não podem ser transportados no porão raças braquicefálicas, ou seja, que tem focinhos curtos por terem pré disposição de problemas respiratórios. Esses animais também são muito sensíveis ao calor e a situações extremas de temperatura. Isso porque, por terem o focinho mais curto, esses pets têm dificuldade de resfriar o corpo, o que naturalmente ocorre pela respiração. Com isso, ficam mais sujeitos a sofrer com a hipertermia.
Como exemplo dessas raças temos: Affenpinscher, Boston Terrier, Bulldog (todas as raças), Cane Corso ou Mastim Italiano, Chow Chow, Toy Spaniel Inglês, Griffon de Bruxelas, Chin (Spaniel) Japonês, Lhasa Apso, Mastim Inglês, Pequinês, Pug ou Carlino (todas as raças), Shar Pei, Shih Tzu, Spaniel tibetano”.
Cães de suporte emocional
A Ella voou na cabine do avião porque é meu cão de suporte emocional. Isso quer dizer que ela me dá suporte para lidar com doenças de ordem emocional e psiquiátrica e eu tenho o laudo da minha psicóloga.
Além disso, é treinada para saber lidar com barulhos, pessoas estranhas, movimentos bruscos, rodinhas, passos apressados, locais cheios e apertados. Um cão sem este tipo de exposição e treino terá problemas em lidar com o ambiente caótico de um aeroporto e aeronave. Portanto, as pessoas devem levar muito a sério o ato de levar um animal para dentro de um avião, seja na cabine ou no porão. Nos dois casos, eles precisam de treino.
Uma vez que você realmente sofra de um transtorno psiquiátrico, tenha o laudo do seu médico e seu animal seja treinado, você necessitará da ajuda de um advogado porque no Brasil não há lei que proteja as pessoas que necessitam de um animal de suporte emocional (apenas o cão guia) e as cias aéreas não permitem.
Das 18 vezes que voamos em apenas quatro não tivemos que contar com o trabalho do advogado Leandro Petraglia. Em dois voos tivemos a permissão da cia aérea de voar e em outras duas viajei com suporte emocional da LATAM, quando ela permitia. Nas demais, eu fui ao aeroporto com uma liminar em mãos, onde o juiz ordenava que a minha cachorra tivesse permissão de entrar na aeronave.
“Cães de serviço psiquiátrico não são aceitos no Brasil, assim como os cães de apoio emocional. Algumas cias aéreas estrangeiras aceitam cães de apoio emocional com a apresentação de laudo do psiquiatra. Como não há uma legislação cada cia aérea pode colocar suas próprias regras. Algumas limitam o peso e o tamanho do cachorro, não permitindo qualquer cão voar dessa forma”, salienta Lechugo.
“A narrativa sob o ponto de vista do PATA, o cão de suporte se equipara ao cão convencional, porém, no universo da judicialização, o poder judiciário é convidado a resolver o problema de temos um conflito de leis.
Se de um lado temos a PATA, que é um plano de transporte aéreo de animais, do outro o Estatuto da Pessoa com Deficiência, o PCD, que é uma convenção internacional aprovada pelo quorum de emenda constitucional.
Dentro do PCD está a lei nacional nº 13.146 de 6 de julho de 2015 sobre a inclusão da pessoa com deficiência e o direito de eliminação de barreiras. Ou seja, ela assegura o acesso do animal de suporte emocional ao transporte aéreo, como expressamente faz ao garantir o direito ao transporte, inclusive aéreo, no artigo 46.
E por ser supralegal, que quer dizer estar acima da lei, tem uma posição superior na hierarquia jurídica. Dessa forma, caberá ao juiz entender se o pedido de um advogado, para que um cão de suporte animal seja embarcado ao lado de seu tutor, baseado no PCD, afasta a norma de regularização do PATA, o qual quer limitar essa possibilidade”, explica dr Petraglia.
Por que contratar uma agência?
Existe um emaranhado de coisas a pensar e eleger quando uma viagem é organizada: rota, tipo de aeronave, lei de cada país e companhia aérea, ainda mais quando há conexões e voos compartilhados, por exemplo: você embarca de LATAM, mas se o trecho final é operado por outra cia, que tem regras diferentes quanto ao embarque de cães, pode ser uma catástrofe.
Outro fator a levar em consideração é a papelada exigida e o tempo de antecedência para providenciar os documentos, além das validades de atestados médicos. No final das contas, a agência existe para fazer gerenciamento de risco e evitar que dias de férias sejam perdidos, assim como, prazos de trabalho e estudo.
Perfil dos viajantes
A maior parte das pessoas que levam um pet no avião está se mudando de país por motivo profissional ou para estudar. Elas de fazem de tudo para levar seu animal de estimação, que já ganhou o status de parte da família.
Porém Ana Lechugo conta que de um tempo para cá, cresceu o interesse de pessoas que estão fazendo turismo pet friendly como é o caso da bancária Eloisa Wataya, tutora do cão papillon Karê, que vai dentro da bolsa de transporte e já tem 8 viagens no seu currículo “Nosso primeiro voo foi para Belo Horizonte, depois fomos para Porto Alegre, Foz do Iguaçu e Florianópolis. A comissária até explicou como colocamos a máscara no pet em caso de despressurização da cabine. O aeroporto de Florianópolis foi o melhor, tem até um pet relief, ou seja, um banheiro pet. Eu gosto bastante de viajar com o Karê, sei que ele também gosta porque faço um roteiro de passeios pensando no bem-estar dele”, comenta Eloisa.
Quanto custa para levar um pet no avião?
Você terá ovalor cobrada pela companhia aérea, agência que cuidará da documentação sanitária do animal e reservas, além do atestado veterinário e vacinas.
Custos
- Para viagens internacionais: na cabine, entre USD 100 e USD 300. No porão, como excesso de bagagem, entre USD 250,00 a USD 500.
Para viagens nacionais: na cabine, entre R$200 e R$ 300,00. No porão, como excesso de bagagem, R$250,00 e R$950,00
A compra de assento extra é possível, o cachorro não pode subir em cima do banco, mas ir sentado no chão.
Serviço da agência: a partir de R$ 600,00, dependendo do tipo de serviço a ser executado, a quantidade de pets, a rota e o destino.
Custos veterinários e sanitários: Microchip, a partir de R$100,00. Vacina antirrábica a partir de R$50,00. Exame de sorologia, a partir de R$1.200,00. Esses custos variam conforme a região do país e o profissional de veterinária contratado.
Documentação necessária
Nos voos domésticos os documentos exigidos são atestados médico de saúde emitido pelo veterinário e vacina antirrábica em dia (ela vale [por um ano) e o atestado 10 dias. Portanto, se a sua viagem tiver mais do que 10 dias, você precisará de um novo atestado. Já os internacionais são mais complexos e variam entre os países.
Inclusão Pet na cabine do avião
Há anos luto pela inclusão de pets maiores a bordo mediante bom comportamento comprovado por certificado de um adestrador. Já tivemos uma rodada de conversas com uma uma companhia aérea que mostrou-se interessada em estudar o assunto e, inclusive, autorizou a Ella voar a bordo da aeronave como teste que foi um sucesso.
Na reportagem Pets a bordo: quais podem voar foi a primeira vez que abordamos o tema.
Ou seja você está no lugar certo se quer viajar com seu pet de avião. Veja todas as reportagens sobre transportes com pets.
Em 2021, duas mortes de cães no intervalo de 60 dias no porão da LATAM provocou uma reflexão maior sobre como os pets são embarcados nos aviões. Na reportagem Duas Vidas em 121 mil fazemos uma reflexão sobre o papel e posicionamento da ANAC, que regulariza o setor.