Cão cupido

Na história da cachorrinha Lola havia algumas missões: ensinar o prazer de cuidar ao Vini, ser mãe da Chandon e unir a Mari com quem a tirou da rua em uma noite fria de chuva fina e constante. 

Coluna publicada para o Estadão.

No dia 2 de setembro de 2010, o telefone do diretor de Inovação Vinícius Porto tocou. Era sua mãe contando que havia uma cachorrinha bege, com a mistura de muitas raças, vagando pela vizinhança. 

– Você ainda quer um pet? ela perguntou. 

Sim, ele queria. Morava sozinho, estava montando uma empresa e tinha algum tempo livre. Resgate feito com sucesso e Lola em casa. Alguns dias depois veio a dúvida: será que conseguirei cuidar dela? Receio que o fez cogitar doá-la para um amigo, que tem um sítio grande e adora animais, mas logo caiu em si, afinal, seu coração já havia sido fisgado, era muito tarde para ter medo. 

Cerca de dois meses depois, subitamente, a Lola começa a tremer. Ele corre para o veterinário mais próximo da sua casa, mas está lotado. Procura pelo Google outro local que possa levá-la. No caminho, a Lola parece piorar, ele fica nervoso. Ao atravessar a porta da clínica veterinária, com a Lola em seus braços, todos percebem seu desespero e ela é atendida rapidamente. Diagnóstico? Um filhote gigante agonizando com dificuldade para nascer e a necessidade de uma cesariana imediata. Nessa época, a “grana estava curta”, mas não hesitou e autorizou o procedimento. Enquanto a Lola era operada, postou no facebook: Lola terá um filhote, alguém o quer? Os pretendentes seriam muitos, mas a publicitária Maricy Gattai foi a primeira a responder. 

Um ano se passou, o namoro do Vini acabou e o casamento da Mari também. O mundo havia dado as suas voltas: eles estavam solteiros e existiam duas cachorrinhas que os conectam. Marcaram um café, colocaram o papo em dia, seguiram trocando mensagens até que veio a vontade de um encontro mais sério. Eram quatro a dividir o sofá da sala, que parecia ter espaço sobrando. Assim, eles se casaram. Logo, vieram os filhos (humanos), o Bruno e a Helena.

No ano passado, a Lola virou estrelinha, foi cremada e suas cinzas colocadas em uma urna, que está enterrada no quintal da casa que eles vivem. A Chandon, que completa uma década de vida no dia 2 de novembro e foi o cupido da história de amor do Vini e da Mari, nos faz lembrar que o dia dos Namorados está chegando. 

Eu e a Ella (que aparece na foto da coluna comigo) acreditamos que um é pouco, dois é bom e que três pode ser ainda melhor. Quem sabe a cantada mais velha da história “o cachorrinho tem telefone?” não faça muita gente se encontrar? Porque cachorros, além de nos fazerem muito mais felizes, também podem ser cupidos. Né, Chandon? 

2 de setembro, 2010, morava sozinho, montando uma empresa, estava tranquilo, tinha tempo, sempre teve pet quando morava com os pais, a irmã foi passear com a cachorra dela e achou uma cachorrinha, chegou lá e não encontrou, estava chovendo e frio, colocou na coleira e elevou para um veterinário na rua, fizeram os exames, passaram 5 dias ficou arrependimento e com medo de não cuidar bem dela, um amigo tem um sítio, pensou em levar para lá, mas não conseguiu levar, batizou de Lola. Passaram 60 dias e a Lola começou a sentir mal, 2 de novembro, feriado trabalhando em casa, ela começou a tremer, vet lotado nao conseguiu ser atendido, foi para outra clínica, entrou em desespero, começou a tremer muito, correu para atende-la, levou para o US, voltou com a notícia de que ela estava prenha, o filhote era grande e estava agonizando, teve que fazer a cesária, grana curta mas não hesitei, postou no face que a Lola estava tendo um filhote, postou no face, a Mareci foi a primeira a se candidatar, depois vieram vários interessados, o filhote vai ficar grande, Chandon, eles já se conheciam, mas cada um com a sua vida, ficaram amigos por 1 ano, eles se separaram, foram tomar um café e atualizar as novidades, Chandon era o elo e amizade foi crescendo. Livre e desimpedidos saíram, namoraram por 2 anos, 7 anos de casado, Lola faleceu ano passado, 7 anos da Lola enterrada em casa, urna biológica no quintal.

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