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Condições Climáticas

Cachorro foge de hotel após camareira abrir porta do quarto

A nutricionista Ana Beatriz Pietracatelli Pereira e o pintor automotivo César Augusto Nerillo casaram-se no dia 17 de julho. A lua de mel foi marcada para o final de semana do dia 23 de julho e o pastor de shetland Dobby de 3 anos, considerado filho do casal, tinha seu nome confirmado entre os hóspedes do hotel Atibaia Residence, em Atibaia, no interior de São Paulo. A hospedagem dele custou R$100,00 por dia a mais do que a diária e incluiu um kit com caminha e comedouros. 

Reportagem publicada no Estadão 25/07

O que era para ser uma viagem romântica e inesquecível acabou em pesadelo. Ana lembra que eram 11 horas da manhã de sábado quando escutou seu nome ecoar pelas caixas de som da piscina solicitando que fosse até o chalé. Chegando lá recebeu a pior notícia da sua vida: seu cachorro havia sumido. Uma camareira abriu a porta do chalé e Dobby escapou. O comportamento dele foi esperado, como explica a educadora canina, Manu Moraes: “O cachorro não está no ambiente dele, é natural que ao abrir a porta ele saia, até mesmo para procurar a tutora”. 

Infelizmente, Dobby não ficou dentro da propriedade do hotel e seguiu em direção à Alameda Professor Lucas Nogueira Garcez, local em que foi visto pelas câmeras do Atibaia Residence. 

Obviamente, o mais importante é encontrar o Dobby e desde o ocorrido as buscas estão sendo efetuadas pela tutora com apoio do hotel que contratou uma equipe de busca com drone e cães farejadores e publicou o desaparecimento do cão nas suas redes sociais, entretanto, não há como deixar de questionar de quem é a culpa, o que a lei fala a respeito e como evitar um incidente como este, afinal, toda vez que deixarmos nosso pet sozinho em um quarto de hotel ou pousada, corremos o mesmo risco.

O grande erro

Quando a Ana fez o check in, foi orientada pela recepção a tirar o Dobby do quarto durante a limpeza, portanto, deveria avisá-los caso quisesse a arrumação. Como tinha planos de ir à piscina, deixou o Dobby no quarto e não solicitou uma camareira. Para ela, isso seria suficiente. Não foi. 

O que eu mais vejo nas hospedagens pet friendly é a falta e falha de comunicação interna, entre os setores e funcionários. Nos treinamentos que damos pela Universidade Pet Friendly este é um dos principais pontos abordados! Sempre salientamos: comunique a sua equipe, pois todos devem saber das regras para que não haja desencontro de informações. Se mudar um funcionário, faço o assistir o treinamento, não negligencie, pois depois que o problema acontece, a dor e trabalho para resolver são muito maiores.

O que a lei fala e como nos protege 

O caso Dobby enquadra-se no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor e deixa claro que o fornecedor de serviço, neste caso o Atibaia Residence, deve reparar os danos causados aos consumidores, à Ana e sua família, por não ter oferecido segurança durante sua hospedagem. O artigo 932 do Código Civil exige que o hotel responda pelo ocorrido, pelos danos causados aos hóspedes. “Assim, o hotel responde pelos danos materiais (o valor econômico do pet) e morais (o abalo emocional causado aos donos), no caso do sumiço de animal de estimação. O Judiciário reconhece, cada vez mais, a importância dos pets na vida das pessoas, prevendo até direito de visitação e ajuda de custo na manutenção dos animais em casos de divórcio” salienta Paulo H M Sousa, Doutor em Direito e sócio-fundador do escritório MSMA. 

Será que os hotéis e pousadas estão cientes disso? Talvez as consequências ditadas pela lei façam com que haja mais responsabilidade ao receber os pets. O número de locais que aderiram ao movimento pet friendly é enorme e isso é ótimo, porém crescer sem treinamento, conhecimento e preparo pode ser catastrófico, o que me faz levantar a questão: precisamos de uma lei regulamentando o setor e nos protegendo?   

Quando a Ella foi mordida em um hotel pet friendly por um cachorro sem guia, sendo que a regra era o cão estar na guia, eu poderia ter exigido que o estabelecimento pagasse os custos que eu tive com o veterinário. E ele, por sua vez, poderia cobrar do tutor do cão que a mordeu. Optei em não fazer nada.

O que um hotel pet friendly deve oferecer

Perder um cão é desesperador, pois eles não falam, não sabem pedir ajuda e não têm como se comunicar conosco. Por isso, contamos que os hotéis e pousadas pet friendly, que nos recebem, cuidem de nós. Talvez eles ainda não entenderam a seriedade de ter um cão como hóspede. 

A parte de hospitalidade é relevante, claro. Acho extremamente válido ter um ki pet – com caminha e bebedouros – oferecer espaços de convivência entre os humanos e pets e criar regras que promovam o equilíbrio no convívio entre pessoas com e sem pets, porém o pilar segurança é o que deveria vir primeiro. E, de fato, não vem. 

As famosas rotas de fuga! Há bons hotéis que aceitam pets, mas no meu ponto de vista são falhos no quesito segurança, pois tem carros transitando onde os pets podem ficar sem guia, ou seja, sem nenhum controle dos tutores. Além das entradas e saídas em que os cães têm acesso e podem deixar a propriedade. 

Se a entrada principal do Atibaia Residence fosse fechada, talvez o Dobby não teria saído de dentro. Neste caso em especial, sabendo da estrutura física do hotel, em hipótese alguma a entrada de uma camareira em um quarto com um cachorro poderia acontecer sem a presença do tutor. Até mesmo para a segurança da funcionária, que pode ser mordida por um cão assustado.

O que nós podemos fazer

Antes de mais nada, exigir mudança. Ao mesmo tempo que o bom comportamento dos nossos cães não é facultativo, afinal, vivemos em sociedade e temos de respeitar o vizinho, é nosso direito – amparado pela lei – ter segurança. Enquanto lutamos por uma consciência maior, temos que nos precaver. A plaquinha de identificação na coleira do cão é o primeiro passo, não tire do pescoço dele, nem na hora de dormir. Leve uma placa de “Não Entre, Pet no Quarto” e coloque na maçaneta do quarto. Lembrando, que isso é papel do hotel fazer. Feche todas as janelas e portas, pois caso ele sinta-se com medo, pode tentar fugir. Neste caso, ligue o ar condicionado ou ventilador para não ficar quente demais. 

Posicionamento do Atibaia Residence

Obviamente, em momento algum, o Atibaia Residence teve a intenção que essa tragédia acontecesse ou a camareira fez intencionalmente. Se alguém abrisse a porta do meu quarto e encontrasse a Ella (minha sócia pet e filha), nada ia acontecer devido à sua personalidade pacata. Porém o pequeno e ativo Dobby agiu diferente. Foi um acidente, que poderia ter sido evitado e terá de servir de exemplo para toda a hotelaria que se propõe a receber um pet. Certamente, já está causando movimentações no Atibaia. Entramos em contato com o hotel que se posicionou: “Aceitamos pets há cinco anos e isso nunca aconteceu. Vamos fazer uma investigação detalhada do que aconteceu, mas neste momento estamos focados em encontrar o Dobby”, informou José Ribeiro, gerente do hotel.

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