A rotina

No quinto episódio da série “Crianças&Pets”, nossas protagonistas Ana e Márcia contam como foi a rotina delas nos primeiros meses dos bebês em casa.

Querida Ana

Eu ficava o dia todo sozinha. Apenas pedia ajuda para os avós do Miguel por 15 minutos no começo (que depois evoluíram para 30): tempo que eu precisava para descer com o Thor para ele fazer suas necessidades. Não abri mão de levá-lo. Desde o 1º dia, passeamos. Era o nosso ritual e nem mesmo o novo integrante poderia interferir. Quando o Miguel fez seis meses, descíamos os três juntos. Também fiz questão de dar as suas refeições diariamente. 

Quando o Miguel recebia visitas, eu pedia primeiro para darem atenção ao Thor e depois para o bebê. Além disso, deixei disponível um pote de petiscos para ele sentir-se “notado”. A rotina do Thor não foi alterada. Ele seguiu subindo no sofá, passeando na rua e ganhando seu prato de ração no horário previsto. As vacinas, antipulgas e vermífugos nunca atrasaram. Mesmo antes do Miguel chegar, as patinhas do Thor sempre foram limpas no retorno dos passeios. Apenas mantivemos o protocolo. 

Conheço pessoas que tiraram seus cães de casa quando o bebê chegou e os trouxeram de volta 1 mês depois. Imagino que para eles será mais difícil a aproximação de ambos. Penso que a minha estratégia de ter incluído o Thor na rotina do Miguel e ter respeitado seus hábitos, só contribuiu para o bom relacionamento que eles têm hoje, que já incluem lambeijos. 

beijos, Márcia

Querida Ana

A vacina antirrábica da Pipa atrasou depois que o bebê nasceu. Também atrasaram minhas consultas no médico, meu relacionamento com o marido, minhas caminhadas no parque, minhas conversas com as amigas… Parece que nos primeiros meses o mundo parou e o conceito de tempo era algo muito muito distante. O horário de dormir era aquele em que havia silêncio, não mais escuridão. O de comer já não tinha mais uma sequência grande de mastigação, mas sim sucção de alimentos muitas vezes já frios…

Isso que tive ajuda constante do meu marido, pais e sogros. Eles foram essenciais pra minha saúde mental e mesmo com todo suporte eu ainda tinha muita dificuldade em focar em algo que não fosse o bebê. Já a Pipa nunca passeou tanto na vida como naqueles primeiros meses. Meu pai, que morria de medo de pegar o neto humano no colo, abraçou a neta canina e transformou a felicidade dela na sua maior prioridade.

Fiquei tão feliz por isso, de ver a alegria dela toda vez que ele entrava pela porta… Nós, que sempre fomos independentes, vimos a nossa família estreitar os laços para passar por essa fase inicial e isso foi muito especial para mim. Com o tempo as trocas de fralda foram ficando mais ágeis (aquele xixi sacana de quando abaixamos a fralda já não conseguia mais nos acertar), fomos aprendendo os sinais de sono e a hora de colocar o bebê para dormir, as mamadas foram ficando mais efetivas e rápidas. O dia, que antes parecia ter 3h com o desgaste de 3 dias, voltou gradativamente a ter 24 horas. E assim voltamos a jogar a bolinha da Pipa com mais entusiasmo pela casa, voltamos, eu e meu marido a nos olhar nos olhos como marido e mulher e não só como pai e mãe, e uma rotina mais leve e fácil foi aos poucos acontecendo.

Sabe, fico pensando que temos muito o que aprender com nossos cães…a resiliência e capacidade de adaptação que eles possuem é incrível. Não é à toa que se adaptam tão bem a nós, seres de uma espécie completamente diferente. E assim nós também fizemos (claro que com menos desenvoltura): nos adaptamos ao bebê, este ser de quase outra espécie.

Vamos para o sexto capítulo? Confere aqui.

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