A chegada dos pets

No primeiro episódio da série “Crianças&Pets”, nossas protagonistas Ana e Márcia contam como foi a chegada dos pets Pipa e Thor e “gravidez à vista”…

Querida Ana

Eu chorava todos os dias. A saudade me corroía. O Snif morrera de problema cardíaco com oito anos e seus últimos meses foram duros! Eram 17 medicações por dia. Vivi meu luto.

E um belo dia, abri meu coração para voltar a amar. O shiba Thor veio para devolver a alegria levada pela partida do Snif. E, digamos, ele “chegou chegando”. Era um filhote lindo e arteiro. Terrível, para ser mais sincera! Criei uma conta no Instagram com o intuito de compartilhar suas peripécias e, claro, poses encantadoras. Logo, estávamos participando de eventos para o público pet e fazendo novos amigos. 

Sou farmacêutica e bioquímica e trabalho há anos em um hospital. Meu dia a dia é pesado. Quando chego em casa, o Thor me transporta para um mundo leve e colorido. Ele é meu equilíbrio. 

De origem japonesa, o shiba é independente, tímido e inteligente. É uma das raças mais primitivas. Mas preciso confessar: não é fácil ter um shiba, pois costumam ser teimosos, bravos e nada sociáveis. O Thor é dócil, de ótima índole e especial. Ainda assim, é um shiba. Legítimo! Por isso, fui rígida com a sua educação. Acredito que um cão educado/treinado é mais feliz e, consequentemente, nós também. 

Corta.

Sempre tive medo de engravidar. Quando as pessoas perguntavam se eu teria um filho, a resposta padrão era: ano que vem. Esse “ano” nunca chegava. E, assim, seguiam meus dias: a sociedade cobrando e eu dando desculpas. Eu já era mãe do Thor e isso me bastava. O amor que sinto por ele é maternal e nunca tive necessidade de ter filhos humanos. Casada há 17 anos, meu shiba completava o núcleo familiar, tudo ia bem. Então, Deus falou: “a vida de vocês está muito tranquila, vamos agitar isso aí”. Em fevereiro de 2019, engravidei do Miguel aos 39 anos. Sim, de forma acidental.

Um beijo, Márcia.

Querida Márcia

No formulário de adoção, que eu assinei há seis anos, quando o sonho de levar um cachorrinho para casa se aproximava, constavam muitas perguntas para avaliar…

Que tipo de tutora eu seria? A melhor, pensei. O que eu faria se os vizinhos reclamassem dos latidos? Latidos, que latidos? Como aquela bolinha de pelo poderia incomodar alguém? O que eu faria se tivesse que me mudar para um local que não aceitasse animais de estimação? Como assim me mudar? Eu não tinha planos de ir a local algum, a única coisa que eu queria era a Pipa para mim. Sim, ela já tinha nome e a única coisa que me separava dela era aquele formulário sem fim.

E, dentre elas, estava a fatídica pergunta, a mais terrível, a cruel: O que você faria se o seu filho desenvolvesse alguma alergia ao seu cachorro? Como assim filho, alergia? Para o mundo que que quero descer.

Ter filhos não era uma opção. Filhos bípedes, eu me refiro. Filhos de quatro patas já eram uma realidade na minha vida e uma condição importante para a minha felicidade. Isso era o que bastava, para que falar sobre o que não existia?

Ser recebida com o abano de um rabo, escutar as batidinhas de patinhas no chão me seguindo pela casa e atirar bolinha no parque era o meu maior objetivo naquele segundo.

Bem, querida Márcia, como você, eu vinha de uma dor latente por ter perdido minha peluda de 12 anos, que me deixou, repentinamente, com um ataque cardíaco fulminante. Fiquei sem chão por muito tempo, o tal luto! Até que descobri em mim espaço para amar outro serzinho peludo. Nossas histórias são muito parecidas.

E, lá estava eu, na frente do formulário de adoção… Alguns dias depois, a bolinha de pelos duros e amarelos era minha e, como já contei, ela ganhou o nome de Pipa. Assim começou nossa grande aventura juntas!

Um beijo, Ana

Vamos para o segundo capítulo? Confere aqui.

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