Se em uma mão temos 78 milhões de cães sem um lar no Brasil, muitos por abandono, na outra conforta conhecer histórias inspiradoras de pets especiais que foram adotados. Cuidar de um cachorro “normal” exige dedicação e paciência. De um especial, a conta é de multiplicar em termos financeiros, de atenção e na troca de amor.
Algumas pessoas passam pela experiência de ter um pet, ele sofrer um acidente e não poder mais andar. Neste ponto um grande vínculo de amor já foi estabelecido e há diversos casos de tutores que compram uma cadeira de rodas e não desistem da vida do seu animal, mesmo que isso envolva uma nova rotina e gastos.
Agora, o que faz uma pessoa adotar um pet que não anda? Essa foi a pergunta que eu fiz para a gastróloga Mariana Camargo de Oliveira, atual tutora da golden Olivia, que aos três meses de idade caiu de uma laje, fraturou a coluna e foi levada para ser eutanasiada. A resposta dela? “O Ribamar foi meu cachorro quando eu era adolescente. Ele ficou paraplégico. Minha mãe nos ensinou que somos 100% responsáveis por uma vida. Então, cuidamos do Riba até o fim. Quando eu vi a Olívia para adoção, simplesmente senti que ela era minha.”
Realmente, explicar o amor é uma tolice. A Mariana e a Olivia encontraram-se, assim como a Rafa e a Cacau, que foi resgatada na beira da estrada. A vira-latinha não andava, se arrastava. Ela ficou uma semana hospitalizada, a Rafa ia visitá-la todos os dias e a relação foi crescendo a cada novo encontro.
Quando ficou mais forte, recebeu alta e foi para seu novo lar. O começo foi duro: eram muitas coisas novas para aprender de ambos os lados, mas nada como um dia após o outro. Logo, a Cacau começou a fazer sessões de ozonioterapia e acupuntura, para amenizar desconfortos e inflamações, e todos se adaptaram. O prognóstico indica que há boas chances de ela voltar a andar.
Os custos de um pet especial
Os cuidados com a Olívia por mês ultrapassam os R$ 3 mil. A cadeirinha de rodas custou R$ 2.200 e a dedicação é quase exclusiva. Mariana ajuda a cachorrinha a fazer xixi apertando sua bexiga, troca a fralda a cada quatro horas, a leva para fazer sessões de fisioterapia, acupuntura e ozônio semanalmente e, volta e meia, a check-ups preventivos.
Apesar disso, ainda cuida de um grupo no WhatsApp e de uma conta no Instagram de nome Rodinhas para Todos, na qual o grande objetivo é arrecadar dinheiro para a compra de mais cadeiras de rodas, que serão doadas para pessoas carentes com pets especiais. É, o amor não se explica, apenas acontece.
Coluna publicada para o Estadão.