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Condições Climáticas

Mude de perspectiva

A vida é mesmo engraçada… dois dias antes da Ella ter uma recaída e eu ter de voltar ao hospital veterinário e fazer uma bateria de exames para saber o motivo da febre de 40 graus, eu estava agitada, mal humorada e reclamando da quarentena. Eu queria inventar um plano de fuga para escapar de São Paulo: ficar em casa era insuportável.

Coluna publicada para o Estadão.

Agora? Depois que a tempestade passou, a citologia deu negativo para neoplasia, o antibiótico está fazendo efeito, ela voltou a comer e está ativa, tudo o que eu quero é vê-la bem.  Estar em casa, bem perto dela e também dos seus médicos (em caso de urgência) é o melhor local do mundo. 

Onde está a Cris que não suporta ficar presa? Ela está livre no seu apartamento de 30 metros quadrados que parece ser uma cobertura duplex pelo simples motivo da Ella estar bem.

Em um grupo de WhatsApp dos meus ex colegas do ensino fundamental, alguém braveja sobre a quarentena. Eu, que acabo de sair de um pesadelo onde a saúde da minha filha peluda estava em jogo, preciso mostrar para ele como é possível esperar tudo isso passar e uso o clichê dos clichês: “o que importa é termos saúde”. 

Uma amiga que tem um cão bem mais agitado do que a Ella comenta como é difícil trabalhar com ele em casa, mas que ao mesmo tempo uma complicidade entre eles está sendo criada.  E observa que seu cão já não late em total desespero para o vizinho da porta da frente como fazia antes.

Uma coisa é certa: a quarentena dói , incomoda, provoca e frustra, mas também nos ensina. Se soubermos prestar atenção, sairemos tão melhores dela. A cada dia que passa, coloco minha arrogância no bolso e agradeço por estarmos bem, eu e a Ella. 

Ah! Sabem as botinhas que estou usando na Ella para ela não pisar no chão da rua quando saímos para ela fazer suas necessidades e trazer o vírus para dentro de casa? Não são mais novidade, ela já caminha normalmente. A entrada também ficou mais fácil: ainda no corredor tiro as botinhas da frente e coloco suas patinhas para dentro de casa, levanto seu corpo e tiro as de trás. Ela não pisa no chão sujo e nossa casa vira território livre de coronavírus. Na verdade, aprendi que nosso lar doce lar é porto seguro e que a quarentena não é tão ruim assim quando estamos com quem amamos e todos estão bem de saúde.

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