Histórias inspiradoras para lermos em tempos difíceis! No Roteiro Frontline&NexGard de hoje selecionamos 8 histórias inspiradoras, que foram publicadas no Estadão, para nos sentirmos mais animados.
8 histórias para lhe fazer sorrir
O cão que adotou o surfista
Era outono, o dia estava ensolarado e a praia vazia. A prancha de stand up deslizou na água, o professor de surf Augusto Martins preparava-se para subir nela quando, de repente, um cachorro pula antes dele.
Apesar da surpresa, disse “chega mais” para o cão “sem raça definida, lenço ou documento”, que morava no Posto 1 da praia de Santos, no litoral paulista. Eles já se conheciam de vista, mas nada além disso, apenas trocas de olhares.
Nesse dia treinaram juntos durante duas horas no turno da manhã e mais duas no final de tarde. Durante dois anos, estes encontros se repetiram. Quando o Augusto chegava para dar aulas, o Parafina estava sentado no jardim em frente ao local onde habitualmente aconteciam as sessões de surf.
Até que em 2013, o cão de “muitos donos”, que vivia pela orla, ora aqui, ora lá, escolheu apenas um. Havia chegado a hora de mudar a vida do Augusto para sempre. Nesse dia ao ir embora, o surfista olhou pelo retrovisor do carro e o viu parado e olhando fixamente. Sentiu um aperto no coração, voltou, abriu a porta e o Parafina entrou. Um momento de escolha mútua, vidas que passariam a ser compartilhadas não apenas dentro d’água, mas em todos os locais e instantes. Eles haviam se adotado.
Parafina Surf Dog
Se em 2010, ele era o Parafina, hoje é o Parafina Surf Dog com conta no Instagram @parafinasurfdog, coleção de roupas e acessórios com o seu nome, passaporte carimbado quatro vezes para a Califórnia onde competiu no Surf City Surf Dog em Huntington Beach e pisou oito vezes no pódio, sendo que em três suas patinhas encostaram o degrau mais alto.
Amigo da Ella (minha shar pei que assina a coluna comigo) e embaixador do Santos Futebol Clube, quer mesmo é pegar onda e deixa isso bem claro quando na beira da praia late e sobe no stand up em um movimento corriqueiro e feliz.
Surfar nunca mais será um ato solitário para o surfista santista, pois sua prancha tem mais um dono e ele tem quatro patas.
Hope, a cadela terapeuta
Quando a médica oncologista pediátrica do Instituto Nacional do Câncer Infantil Bianca Amorim Santana contou o motivo que fez a golden retriever Hope entrar na sua vida, senti um nó na garganta.
Um pedido que mudaria o futuro
Davi tinha nove anos quando o câncer o levou. Seu último pedido? Abraçar seu cachorro. “Quando eu disse para o Davi que não podíamos ir até a casa dele, pois era muito longe, buscar seu cão, ele pediu para ver qualquer cachorro e não entendeu não termos um no hospital”, relatou a médica que ama cães.
Naquele dia, o amor por cachorros que a Dra Bianca nutria desde que nasceu, falou mais alto e a chegada da Hope começou a ser planejada. Ela buscou um canil que tivesse cães dóceis e calmos e escolheu o filhote mais tranquilo da ninhada. Ao completar dois meses de idade, começou a adestrá-lo para tornar-se cão terapeuta. O que ela não sabia é que a Hope também seria um grande apoio emocional para as enfermeiras, médicos e funcionários do hospital.
A grande estreia
Finalmente, chegara o momento da cachorrinha conhecer seu local de trabalho. Neste dia foi a paisana, apenas para fazer reconhecimento de campo e literalmente cheirar todos os cantinhos. Chegou ao INCA no final de tarde e quem já deveria ter ido embora, ainda estava lá. Os médicos intensivistas pararam seus trabalhos para conhecerem a nova integrante da equipe, que chegava para ajudar os doentes em busca de cura e os médicos a enfrentarem a gigantesca pressão psicológica. Nenhum nome poderia ter sido mais adequado: Hope, esperança em inglês, chegava trazendo o que todos mais precisavam: fé.
Em tempos de Covid
Duas vezes por semana, Hope ia ao hospital, até que chegou o Covid-19 e com ele restrições mais severas. Sua atividade foi suspensa momentaneamente, mas isso não impediu que seguisse em contato com amigos e já colegas de trabalho. No aniversário da Dra Sima Ferman, chefe do departamento, fez parte do “parabéns a você” pelo Zoom. Volta e meia, aparece nos vídeos com a médica intensivista Daniela Gazi, que está totalmente isolada desde o começo da epidemia por ter uma doença autoimune, quando sempre dá uma lambidinha na tela.
Talvez, o momento mais importante da Hope, na vida dos profissionais da linha de frente nesse momento, tenha sido o encontro com o Dr Flávio Andrade, também médico oncologista pediátrico. Havia sido uma semana longa e dura para ele, que estava cuidando de três casos terminais ao mesmo tempo, sendo que um deles era seu paciente a 13 anos. Só mesmo a doçura da Hope para tornar suportável a perda do menino que virou adulto, formou-se em biomedicina, estava terminando um mestrado, era sempre tão gentil, mas teve sua vida interrompida por um sarcoma de Ewing.
Junto dos maiores heróis que a humanidade tem visto e aplaudido está a cachorrinha Hope, que leva amor e esperança para todos que têm a ousadia de acreditar em milagres e curar vidas.
Cão-herói
As mãos finas e delicadas do menino de 6 anos de idade, que nasceu com fissura nos lábios, pegou o pequeno cachorro de apenas sete dias de vida e 275 gramas e aproximou ao seu rosto. Kaio Machado fechou os olhos, suspirou e disse: “ele vai chamar-se Robin”, nome do seu super herói preferido, que faz parte do Novos Titãs.
Além de serem heróis na vida real, Kaio e Robin tinham muitas coisas em comum e uma delas é o lábio fissurado. Ambos nasceram diferentes dos demais e descobriram que não há nada de errado nisso.
O exame que mudou a sua vida
A auxiliar de estamparia Karen Machado, mãe do Kaio, no quinto mês de gravidez foi fazer o tradicional exame morfológico. O médico que estava conduzindo o ultrassom parou no meio e disse: seu bebê nascerá feio, pois terá fissura labiopalatina. O mundo parecia ter desabado. O que aquilo significava? Tudo que lembra depois deste momento, foi de chorar por longas horas e sentir-se completamente perdida.
O momento da adoção
Poderia ser um dia como outro qualquer na pacata cidade de Jaguará do Sul, interior de Santa Catarina. Karen acordou, pegou o celular e abriu o Instagram. Logo viu a publicação da conta Fissurados no Amor com a foto de um cão minúsculo e o texto: ele possui o lábio leporino e precisa de cuidados especiais. Bem, ela era expert no assunto. “Durante cinco anos questionei: porque o Kaio veio para mim? Quando vi a foto do Robin, eu estava madura para dizer: ele deve ser meu e melhor amigo do Kaio”.
Robin chegou na manhã do dia 18 de abril de 2019, e durante semanas foi alimentado de três em três horas com leite especial através de uma seringa e mamadeira. Sua cama era aquecida com secador de cabelos e uma bolsa térmica cumpria o papel de mantê-lo quente. Para fazer as necessidades, Karen estimulava sua barriguinha com uma buchinha quente. Ela precisava substituir o papel da mãe biológica do cachorrinho mais fraco da ninhada, que havia sido rejeitado e não teria sobrevivido sem cuidados especiais.
Robin salvou a vida de todos
O lábio do Kaio tem fissura bilateral, do Robin uni. Kaio faz parte da estatística que mostra que a cada 650 brasileiros, um nasce assim. Desde que nasceu passou por quatro cirurgias para melhorar sua dificuldade na fala e audição. Todas subsidiadas pela ONG americana Smile Train, que faz um trabalho bárbaro de aceitação, conscientização e apoio à famílias carentes que possuem filhos com essa condição.
No caso do Robin, não há maiores consequências. A fissura dele serviu para melhorar a auto-estima do Kaio, pois o menino não estava mais só, e não atrapalha em nada as brincadeiras com a bolinha, que os dois tanto adoram. Afinal, super heróis servem para isso: salvar vidas.
Mãe de pet
Por contingências da vida, não tive filhos humanos. A maternidade nunca fez meus olhos brilharem, mas eu achava que em um determinado momento sucumbiria ao legado de ser mãe e também a pressão da sociedade de cumprir o protocolo. Os anos passaram, o trabalho sempre foi minha prioridade e meus cachorros ocuparam essa lacuna. Nas redes sociais, 9 a cada 10 pessoas chamam seus pets de filhos. Conversei com três mulheres, que têm em comum o amor por cães e gatos, mas vêm o ofício de ser mãe de forma distinta.
Para a fisioterapeuta Morgana Sottomaior não há comparação entre o amor que ela sente pelos seus três filhos em relação aos três pets. Morgana ensina o Athos, Andreas e Allan a respeitarem e cuidarem dos animais. Adora chegar em casa e ser recebida pelo dachshund Guri, saluki Odin e a gatinha SRD Coca. Brinca com eles, os alimenta, leva ao veterinário e para passear, mas deixa claro que o amor é completamente diferente.
Já a farmacêutica Márcia Pozo, mãe do shiba Thor e do Miguel, que acaba de completar 1 ano de idade, afirma que o amor é idêntico. “Não me sou mais mãe com o Miguel. Sinto que tenho responsabilidades diferentes. Ser mãe é cuidar da saúde, do seu bem estar, educar e amar sendo ela uma criança gerada, adotada ou um pet”, pontua.
O discurso da empresária Andreia Oliveira é outro. Ela optou em não gerar um filho, mas garante que é mãe do seus dois labradores: Manolo e Meraki. A falta de paciência para educar uma criança, apesar de adorá-las, foi o que motivou sua decisão. Quando sofreu um assalto e seu carro foi levado, a primeira coisa que fez foi tirar seus cães do carro e afirma que teria colocado a sua vida em risco, mas que jamais os deixaria para trás.
Em 2015, a revista Science publicou o estudo realizado no departamento de biotecnologia da Universidade Azabu, no Japão, pelo pesquisador Miho Nagasawa sobre a ocitocina, conhecida como o hormônio do amor, responsável por criar vínculos afetivos e de confiança. A pesquisa investigou os níveis do neurotransmissor em tutores e seus cães. E, vejam só, o hormônio também aumenta no cérebro motivado pela relação dos humanos com seus pets. Com isso, surgiu a tese de que o sentimento que temos pelo nosso cão, que é tratado como um filho, é semelhante ao que uma mãe tem pelo seu bebê.
No final das contas, se os pets são vistos como filhos ou animais de estimação, mas recebem amor, carinho e cuidado é o que importa. Mas não há como negar o quanto é bom saber, baseado na ciência, que a ocitocina cumpre bem seu papel nas tais mães de pet, grupo do qual faço parte com o maior orgulho. Viu, Ella?
Cãocierges
Quando eu recebi por WhatsApp a confirmação da minha reserva na pousada Rohsler, em Monte Verde, sorri. Afinal, na telinha do meu smartphone tinha uma foto e um recado do cãocierge Mariano para a Ella (minha sócia pet na coluna) passando as informações a respeito da nossa estadia. Mariano, um dachshund que esbanja simpatia, foi achado na serra de Monte Verde, caminhando na estrada. Depois de averiguar pelas redondezas que ele não tinha um lar, a empresária Márcia Rohsler o resgatou e levou para sua pousada onde tem mais de 100 cães e gatos resgatados. Ele chegou a ter uma proposta de adoção, que não se concretizou. O tempo foi passando, ele foi conquistando o coração de todos, inclusive dos hóspedes, e ganhou o importante cargo de cãocirege, que diga-se de passagem, virou tendência na hotelaria pet friendly. Sim, a profissão é adotada por outros hotéis e pousadas que aceitam pets.
No Guarujá, na Moa Pousada, a SRD Hula cumpre com louvor a função e recebe todos os hóspedes de quatro patas com uma cheiradinha e rabo abanando. Inclusive, acompanhou a Ella no passeio de barco às praias de Camburi e Camburizinho. A história dela é tão bonita como a do Mariano. Quando a designer Elaine Ianicelli comprou a casa onde a Moa foi projetada, a Hula fazia parte do pacote. O antigo proprietário disse que só venderia o imóvel para uma pessoa que adorasse cachorros e cuidasse bem dela. Hoje a Hula é guarda compartilhada entre a Elaine e seu antigo tutor, que faz questão de ter notícias frequentes da Hu e, certamente, vai comprar vários exemplares desta edição.
Subindo as montanhas da serra paulista, chegamos no hotel Surya-Pan, em Campos do Jordão. E, mais uma vez, temos o prazer de sermos recebidos por um cãocierge. Por aquelas bandas, o SRD Huguinho, que um dia apareceu do nada e ficou para sempre, é quem responde pela nobre função de recepcionar os hóspedes peludos, que são maioria.
O SRD Samba ainda não assumiu a função no Tivoli Mofarrej, localizado na capital paulista. Seu nome foi dado devido a canção: “Não deixe o Samba morrer”, pois quando foi adotado pelo gerente geral João Corte Real estava passando por maus bocados. Apesar de morar no hotel, olha com certo receio os hóspedes da mesma espécie, mas temos fé que com algumas sessões de terapia canina possa vir a fazer parte do quadro de funcionários. Na torcida, Samba!
Apoio Emocional
Lembro de quando achávamos que seriam apenas 15 dias. Fechei a porta do meu escritório no Spaces no dia 17 de março de 2020 com um nó na garganta. A Ella sentiu a quebra da rotina, que tanto amávamos, como eu. Fiquei tão assustada com as notícias, que passava cândida no chão da sala de casa de forma desenfreada e a Ella acabou intoxicada. Depois de 25 dias de antibiótico e algumas idas ao hospital veterinário no meio da noite, minha cachorrinha e sócia na coluna, ficou boa. Foi, então, que entendi que tudo que importava era estarmos juntas e com saúde. Parei de reclamar da solidão imposta pelo isolamento social e senti paz.
Quase um ano se passou e São Paulo entra, novamente, na fase vermelha. Mesmo não sendo um lock down radical, esse necessário passo atrás, assusta. E lá vêm os pets sendo nossos apoios emocionais. Conversamos com algumas pessoas que contam como seus cães e gatos têm sido fundamentais para manter a sanidade mental em tempos tão difíceis.
O Toefl salvou a vida da aposentada Clarice D’Alloca de 80 anos, que dias antes do decreto oficial da pandemia chegar, ganhou o vira-latinha de presente. Isolada dos familiares, foi o companheiro de quatro patas que fez com que ela voltasse a sentir-se útil. Toefl é paparicado: uma portinha extra foi acoplada na porta da garagem para que tivesse acesso ao quintal da frente da casa, pois gosta de ver o movimento da rua. Quando precisa ir à feira comprar maçã, pede que sua filha faça companhia para ele, pois não gosta de ficar sozinho. A maçã é para o Toefl, claro. “Ele é meu companheiro, meu protetor e minha alegria”” afirma dona Clarice.
A relações públicas Didi Finamore aprendeu com a border colie Estrela que podemos nos adaptar quando existe amor. A Estrela veio morar em um apartamento em Moema no final de 2019. Antes disso, estava em um sítio onde corria atrás de cavalos. “Ela me ensinou a viver no presente a aceitar o que ele apresenta. Substituiu os cavalos pela bola, a liberdade por 24 horas grudadas em mim”, desabafa em um relato emocionado. Graças a ela, Didi não entrou em depressão e conseguiu superar a crise de pânico por ter perdido o emprego e, como todos nós, ver sua liberdade tolhida, além do medo de morrer.
A empresária Silvia M. Lobo fez um livro de fotos da sua cachorrinha SDR Sansa com legendas de apoio mostrando os principais momentos dos primeiros meses de reclusão onde sentiu-se presa, entediada e perdida. “Enquanto tentava me equilibrar mentalmente, pegando meu solzinho na varanda, ela vinha e sentava comigo, como quem diz: Estamos nessa juntas. Está tudo bem”, relata Silvia.
Não foram só os cães a deixar a vida de todos “suportável”. A dupla de gatos Guido e Frida (ambos SRD) do fotógrafo Fernando Cavalcanti e da cineasta Flávia Guerra transformou a casa deles em um espaço com muito mais amor. Em suas palavras: “Recolhidos dentro de casa, longe da convivência dos amigos surgiu uma nova relação com nossos gatos. Com mais tempo, atenção e afetividade. Um universo que sempre esteve lá e eu nunca tinha relaxado o suficiente para apreciar. Dois gatos adotados, que nos resgataram do mar de angústias e incertezas da pandemia”.
Amigo de treino
A Ella (minha sócia pet na coluna) nasceu com uma má formação congênita nas patinhas e, por isso, não caminha em solos irregulares, nem em longas distâncias. Eu contorno essa situação com um carrinho que chamo de pet car. Ele parece de criança, mas não é. A Ella adora. Brinco que é seu carro alegórico. As pessoas na rua me olham desconfiadas e muitas chamam a Ella de preguiçosa. Raramente, respondo. O que importa é a Ella fazer parte do programa e ir ao parque Ibirapuera comigo, um dos nossos locais preferidos em São Paulo.
Sabe o mais divertido? Um dia desses, cruzei com um homem correndo no Ibira e empurrando um carrinho com um cachorrinho da raça spitz alemão dentro. Meu primeiro pensamento foi: como é bom não estar só! Volta e meia, eu passava por ele e nos cumprimentávamos, até o dia que revolvi pedir seu telefone para conhecer a sua história.
O produtor de eventos Carlos Koji corre todos os dias no parque na companhia do Flok. Nos últimos dois anos, eles fizeram exercício juntos sem pular um dia sequer. Tudo começou com o intuito de levá-lo para passear. “Minha filha ganhou o Flok e a empolgação não durou uma semana. Acabei cuidando dele até hoje”, conta. O resultado dessa parceria? Koji emagerceu 30 quilos. Eles participam de vários desafios. Um deles foi feito pelo App da Nike e Instagram @sairparacorrer que colocou a meta de percorrer 100 quilômetros em 1 mês, mas eles fizram em dois dias e algumas horas.
Como o Flok não tem condições de caminhar, tampouco correr, o Koji encontrou no carrinho, como eu, uma solução de locomoção. “Não há nada melhor do que vento na cara. Creio que os passeios são a melhor parte do dia do Flok. No final das contas, tenho um dog felizão e ganhei um parceiro de treino. Alíás, o melhor parceiro da vida”, acrescenta o corredor bem acompanhado de seu cão.
Tive que perguntar como as pessoas reagem ao Flok no carrinho e a resposta não podia ser melhor: me param, pedem para fotografar e dizem que vão enviar para a filha e a neta. A grande maioria curte. Quem olha estranho, eu nem dou bola”, pontua com firmeza.
É isso aí, Koji, vamos aproveitar o pulmão verde da capital paulista, levar nossos melhores amigos para ver o mundo em movimento, fazer esporte porque é vida e quem sabe contagiar outras pessoas que têm pets velhinhos ou que não podem nos acompanhar com suas perninhas, mas que adorariam como o Flok e a Ella marcar presença no parque mais legal da cidade. Quem sabe, teremos novos adeptos de pet cars pelo Ibira afora! Faço votos!
Ritinhas
Recebi um e-mail, com um pedido de ajuda, da jornalista Karen Castro, tutora do Raul, um cão SRD que foi adotado em abril de 2012. Ela acabara de pegar da rua, uma cachorrinha em estado deplorável que precisava encontrar uma família. Seu nome? Ritinha.
“Ela estava fraca, com olhar triste e sem forças para caminhar em busca de alimento. Doloroso vê-la naquela situação. Não sabemos se ela fugiu ou foi abandonada. A única certeza que tínhamos é que era preciso ajudá-la”, relatou a jornalista. Lembrei de inúmeros casos de resgate que eu já havia feito ao longo da vida e pensei como muitas pessoas também passam por isso. Portanto, resolvi escrever essa coluna para elucidar o tema.
O que fazer quando nos deparamos com um animal abandonado? Passar reto? Fingir que não viu? Não, essas não são opções viáveis. Caso você resolva o adotar, leve primeiro ao veterinário para fazer um check up. E se você já tiver outro animal em casa, investigue se o resgatado tem alguma doença contagiosa e trate antes de colocar em contato com o animal sadio.
E se adotar não for o caso? Você pode procurar uma ONG de proteção animal. No caso da AILA, que atualmente tem cerca de 500 cães e 200 gatos esperando por um lar, os pedidos de resgate podem ser feitos pelo telefone (11) 3507-1418 ou pelo site www.aila.org.br. Ela, como as demais ONGS, estão lotadas e administrando custos altos, por isso, aceitam animais em situação de maus tratos.
Uma alternativa são as casas de passagem pagas, onde os custos do animal são subsidiados por você. Elas custam entre R$ 300,00 a R$ 500,00 por mês. Costumam ser em sítios e têm mais animais a espera de um lar.
A Ritinha ficou cerca de um mês em uma no bairro do Tatuapé em São Paulo. Enquanto isso, a Karen montou um plano de divulgação: postou nas suas redes sociais e divulgou nos grupos de WhatsApp a história da cachorrinha. Até que uma pessoa viu a foto da xará da Rita Lee e apaixonou-se por ela. Antes da Ella (minha sócia pet na coluna), eu tive o cocker Cozumel, que foi adotado através de um e-mail. Eu havia perdido meu outro cocker, o Magnum, a três meses, encontrava-me desolada e o Cozu estava, justamente, em uma casa de passagem perto de onde eu trabalhava. No mesmo dia, fui buscá-lo. Ele viveu 16 anos e foi a inspiração do Guia Pet Friendly. Pois como eu sempre falo, cachorros têm apenas um defeito: vivem pouco. Então, vamos viver a maior parte do tempo ao lado deles.