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Animais que salvam vidas

Que a relação com animais faz bem ao homem, todo mundo sabe. Inclusive, a ação da ocitocina – o hormônio do amor –  já foi comprovada na troca de olhares entre uma pessoa e um cão. A importância do cão guia na vida de um cego é de conhecimento geral, o que ainda é novidade e – muitas vezes gera confusão – são os demais cães de serviço, também chamados de assistência, assim como, os cães de suporte emocional. No frigir dos ovos, animais que salvam vidas. 

Matéria produzida especialmente e publicada no nosso blog do Estadão.

Em linhas gerais o que devemos saber: o cão de serviço é treinado para realizar tarefas específicas como explica a adestradora Tarsis Ramão: “há cães de assistência visual, auditiva, de uma criança autista, de alerta médico para diabéticos e limitação de mobilidade, que são treinados para auxiliar nas tarefas diárias, facilitando a inclusão e entregando qualidade de vida. 

Estamos falando de animais que vão auxiliar (assistir) pessoas com deficiências físicas e mentais, com transtornos psiquiátricos, doenças cardíacas, diabetes e outras comorbidades.

Por exemplo, se o cão tem o papel de conter uma crise de epilepsia, onde o tutor se debate no chão, ele será preparado para tal função através de simulações. Cada vez que instintivamente se aproximar da pessoa que está tendo uma convulsão será recompensado e, com isso, entenderá que seu papel é estar presente.

Estes cães precisam ser treinados: o preparo é imprescindível. Eles devem ser altamente socializados, obedecerem aos comandos dos tutores e estabelecerem uma profunda conexão com eles. O treino deverá ser conduzido por um adestrador. Na maioria dos casos, o cão é selecionado ainda filhote e escolhido baseado em testes que mostram a sua aptidão futura. 

Cão de suporte emocional

O cão de suporte emocional tem a função de fazer companhia, ele não precisa realizar uma tarefa, apenas estar presente e ser o apoio do tutor. “Qualquer animal está apto a ser enquadrado como suporte emocional. Entre os cães não há limitação quanto à raça ou idade contanto que o animal tenha sido treinado e execute o que é esperado dele. Além, obviamente, de ter uma excelente socialização com outras pessoas e animais. O treino é necessário, pois um animal sem obediência básica pode se tornar um problema e não uma solução.”, explica o adestrador Paulo Serrati. 

Por que eles não podem ser abordados

Os cães de serviço e de suporte emocional têm o trabalho de atender o paciente (tutor) e, por isso, não podem se distrair com outros estímulos, pois ao serem requisitados devem estar disponíveis. Ou seja, uma pessoa interagindo com o cão, quando está em trabalho, compromete o processo. 

Como saber se você precisa de um cão de serviço ou suporte?

Um psicólogo ou psiquiatra são os profissionais que lhe dirão se há a necessidade de ter um cão de serviço ou suporte. Segundo o psiquiatra Álvaro Nascimento a companhia dos animais ajuda as pessoas com transtornos psicológicos e deficientes a viverem melhor, mas é importante analisar a condição de vida do paciente, pois ter um cachorro exige responsabilidade e tarefas a serem executadas. 

A psicóloga Bruna Di Napoli Rosa também defende a necessidade de analisar o quanto um animal pode ser benéfico para a evolução do paciente. “Não é todo depressivo que precisa de um cão de suporte. Nem todo TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), por exemplo. O cão pode ajudar no foco ou terminar de distrair o tutor. Tudo vai depender da avaliação da equipe médica”, ressalta. 

Excelência 

Entra em jogo: conveniência versus obediência. Mesmo que haja estímulos tirando o foco do cão e ele receba um comando que não queira executar, deve obedecer seu tutor. Para chegar a este ponto de excelência é necessário investimento de tempo e dinheiro. O correto é que o cão de serviço psiquiátrico seja requisitado pelo médico e tenha 120 horas de treino. 

Keicia e Nala

A engenheira civil Keicia Nolasco comprou a golden retriever Nala para ser seu cão de suporte emocional e ajudá-la a combater a depressão, estresse pós-traumático, ansiedade e pânico. “Observamos que alguns instantes antes de eu ter uma crise, a Nala dava o sinal de alerta puxando e lambendo minha mão e não me deixando sair”,  conta Keicia. 

Logo, eles perceberam que a cachorrinha tornara-se um cão de serviço psiquiátrico, que além de alertar para a crise, passou a trazer a medicação e cuidar do pós-trauma. “Quando eu estou com ela, me sinto segura. E ao lado dela raramente tenho uma crise”, desabafa.

Crise

Nos Estados Unidos, o ESAN (Emotional Support Animal) que corresponde ao suporte emocional no Brasil tive um problema imenso, pois as pessoas começaram a usar o título para ganhar vantagens como poder ingressar dentro da cabine do avião com animais sem preparo algum. Inclusive, em um episódio dos Simpsons, o personagem Homer tenta usar seu porco aranha como animal de terapia mesmo não tendo a real necessidade de ter um. 

Leis

A única lei em âmbito federal do Brasil é a do cão guia. Porém os estados do Acre, Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro e os municípios de Belo Horizonte, Campinas, Chapecó, Paranaguá, Sorocaba, Curitiba e São José possuem sua própria legislação sobre cães de serviço e suporte emocional.

Atualmente, o projeto de lei 10.286/2018 do senador Ciro Nogueira tramita na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania) e aguarda o parecer do relator, pois ao longo do tempo outros PLs sobre o mesmo assunto foram criados e, com isso, surgiu a necessidade de todos serem agrupados em um só, na linguagem jurídica, apensados. 

Para quem precisa da ajuda do cão de serviço e suporte emocional, como a Keicia, ter uma lei que regularize a função destes cães e garanta o direito de ter a companhia deles em qualquer situação e estabelecimento, em âmbito nacional, é realmente uma grande vitória.

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