No sexto episódio da série “Crianças&Pets”, nossas protagonistas Ana e Márcia contam como subitamente um belo dia, tudo melhorou.
Querida Ana
Até os quatro meses de vida, o Miguel não interagia com o Thor. Ele era praticamente um bonequinho que vivia no meu colo. Num piscar de olhos, meu filho percebeu a existência do seu irmão maior. A paz do Thor estava com os dias contados. Bracinhos desgovernados procuravam aquele ser tão fofinho.
Quando começou a engatinhar, o Thor tornou-se sua meta de vida. E isso para um shiba é quase um pesadelo. Se não fosse aquele paninho que veio da maternidade, as noites em claro que passou ao meu lado, os petiscos que ganhava das visitas e os passeios que nunca cessaram, talvez ele desejasse mudar de casa.
Nessa altura do campeonato, havíamos nos tornado uma família de dois humanos, um ser humaninho e um shiba. Desistir não era alternativa. O negócio era adaptar-se, então, o Thor fez do Miguel seu companheiro de brincadeiras. Ele ia até sua caixa de brinquedos, escolhia uma pelúcia e trazia para o caçula. Meu coração transbordava de felicidade. Meu dois filhos estavam brincando, o cansaço já não era um vilão, eu havia sobrevivido e tudo indicava que a festa só ia ficar melhor.
beijos, Márcia
Querida Márcia
Esses momentos de interação entre bebê e pet são demais mesmo. Franco ficou doente mês passado e passou de uma criança super risonha pra um bebê sisudo, com os olhos constantemente marejados de lágrimas. E lá íamos nós sumir e aparecer por detrás das mãos espalmadas, fingir que tropeçávamos, barulhos estranhos saiam das nossas bocas e nada…a única coisa que fazia ele voltar a sorrir era a Pipa. Que conexão incrível que eles têm!
Já te contei que a Pipa sempre teve dificuldades com crianças? Veio para nós cheia de medos e traumas (não sabemos o que aconteceu com ela nas ruas). Superamos juntas o medo dela de homens, de sacolas que voam na rua, de barulhos altos…mas o medo de crianças nunca passou. No parque ela sempre fugia dos pequenos e, se ficava encurralada, latia e rosnava.
Foi preciso muita paciência e petiscos para que ela ignorasse a existência daqueles mini humanos e esse foi o máximo que consegui. Fiquei muito apreensiva quando engravidei, mas para minha surpresa ela não teve medo do Franco, muito pelo contrário. Provavelmente porque ele não é uma criança qualquer, ele é membro da matilha e como tal foi aceito sem pestanejar (ainda que tenha tirado seus privilégios de filha única).
Hoje ela não só aceita como gosta dele…desconfio que contribui o fato do Franco achar hilário jogar comida pra ela na hora das refeições (Pipa ama comida). Com o tempo ela aprendeu que enquanto eu dou de mamar não consigo jogar bolinha, então, ela fica deitada aos meus pés esperando pacientemente sua vez. E, agora, sabe que quando digo “amooor da sua mãe”/”muito bem!”/”que lindo” nem sempre é para ela. Adaptações! Sim, a maternidade é cheia delas….e sinto que tudo isso recém começou.
PS.: O Miguel também está puxando os pelos do Thor?
beijos, Ana